Esther tinha apenas 09 meses quando pegou o que parecia ser um pequeno resfriado, mas a evolução foi diferente do esperado! No quarto dia apresentou dificuldade respiratória e a avó intensivista alertou: leve agora ao hospital! Chegamos para uma avaliação e ficamos para uma internação! Nenhum pai ou mãe está preparado para escutar: “sua filha precisa ficar na UTI”! Ficamos ali naqueles segundos sem pensar direito, só implorando para que não se agrave! A avó que, além de médica, é intensivista, se vê saindo do papel de médica para o lado do paciente! Fica ao nosso lado esperando as visitas, os resultados dos exames, os dias passarem e o quadro melhorar! Cada médico que passa traz a esperança de notícias melhores! As vezes a notícia não é a esperada, no entanto, nos profissionais encontramos o conforto de que não estamos sozinhos! E os dias vão passando, o quadro melhorando, os tão esperados sorrisos retornam! Aquele medo que insistia em acordar e dormir ao nosso lado vai se afastando e sentimos finalmente o real sentindo da palavra gratidão ! Foram 5 dias de internação! No último dia soube que ela iria participar de uma sessão de Fotos antes de ir embora! Naquele momento não fez menor sentido tirar fotos no hospital! Queria esquecer aqueles dias, fingir que não existiram! Mas mesmo assim aceitei participar! Alguns dias depois recebemos as Fotos e para minha surpresa abri um sorriso ao vê-las! Lá não estava a tristeza de uma internação, mas a alegria de quem saiu de lá! Estavam registrados o fim de dias de angústias, medos e inseguranças! Lá estava a nossa menina vitoriosa e saudável! E fez todo sentido ter aquele momento registrado! Um dia de alegria e gratidão registrado pela profissional que enfrentou tudo isso conosco! A sensibilidade de alguém que sabe que os dias ruins acabam e que o fim desses dias devem ser registrados!

Sofia (mãe da Esther)

Esther, minha querida netinha, como foi difícil para mim ver você internada na UTI. Como médica intensivista, sabia dos riscos que o seu quadro tinha. Mas ao mesmo tempo, tive a certeza de que na UTI você estaria bem cuidada. Monitorada. Sabia que seus pais teriam apoio. E eu passei a ser a avó, acompanhante quando possível. Como foi bom ficar com você quando possível e acompanhar sua melhora, seu sorriso voltar. Pegá-la nos braços, isto não tem preço! Sim, cuidar do paciente e da sua família faz toda a diferença. E a Esther está linda , feliz!

Dra Mercia (avó da Esther)

Dra Mércia foi a primeira intensivista pediatra de Brasília, ajudou também a formar muitos intensivistas da cidade. Sempre foi uma defensora e entusiasta do cuidado humanizado no hospital, foi responsável por muitas conquistas, como a ampliação do horário de visitas entre outros. Hoje, cooderna a Roda dos Pais, um encontro semanal com pais e colaboradores da UTI pediátrica, um espaço onde acolhemos e escutamos as famílias, mais um projeto de humanização que faz toda a diferença!