No quarto 7 tem um menininha, você vai tirar fotos? O tema era Páscoa. Eu entrei com a câmera, expliquei o projeto, entreguei um arco com orelhinhas de coelho. Mãe e tia concordaram. Elisa colocou um vestido florido, estava pronta.

Adoro crianças que interagem, opinam. Não conhecia Elisa.

Tiramos algumas fotos no seu leito, sentada na cama, ela fazia poses com as mãozinhas. Olhava para a câmera como uma profissional experiente. Eu, encantada, clicava sem dificuldade. Podemos tentar a janela?

Ajudamos, desconecta daqui e ali, Elisa ficou de pé no sofá.

-Pode olhar para a janela?

-Quero olhar para você.

-Elisa, olha assim, lá longe, que tal?

-Eu quero assim, olhando pra você.

Minha pequena Naomi não cedia, mais uma menininha brava, adoro. Eu ria e clicava. Não teve jeito. Elisa opina e sustenta. Em casa, percebi que ela tinha toda razão. A foto ficou meio tremidinha, mas foi a escolhida para a exposição, claro. É uma das minhas preferidas, um sucesso!

Suzana Berlim (2023)

Elisa estava vindo da 3° internação, da 4° transfusão só esse ano, em fevereiro precisou ser entubada por conta do covid, e eu tinha certeza que Elisa não ia resistir, já tava sem esperanças, mas Deus nos surpreendeu, e Elisa é muito forte, e nos da muita esperança de cura e de duas melhores, em Abril ela teve duas internações no Hospital Brasília por febres que não passavam, algumas crises de dor, sinusite, passou 7 dias internada nas 2 vezes em que ficou internada no Hospital Brasília, e o atendimento lá nos surpreendeu, pela atenção que deram a doença e a Elisa, não é fácil passar pelo que vínhamos passando, e ter um atendimento humanizado faz toda a diferença, Elisa amava ir olhar os peixinhos e dar comida pra eles, os nutricionistas mandavam tudo que ela tinha vontade de comer, e os dias da foto que foi um dia bem diferente no hospital que Elisa curtiu muito, fez as poses que queria, se sentiu uma modelo rs, e deixou nosso dia bem melhor. Em agosto tinha sido a primeira vez em que Elisa tinha ido pra escola esse ano, ter contato com outras crianças foi fundamental, no segundo dia de aula já estava dançando na festa Agostina da escola, parecia que tinha ensaiado a tempos rs, hoje Elisa está melhor, ainda com as crises da doença falciforme, as vezes febre, mas está com a hemoglobina boa, desde abril não precisou mais internar, está estudando, continua fazendo acompanhamento com os oncohematologistas do hospital da criança, faz acompanhamento toda semana com a psicóloga pra ela entender sobre a doença dela, Elisa é uma menina muito forte, inteligente, cheia de energia, decidida, um pouco estressada mais ponho a culpa no quimioterápico rs.

Ana Cássia (mãe da Elisa)